Normalmente, quando coloco uma caneta na minha mão, ela corre e dança em um pedaço de papel como se quisesse alcançar um sonho imaginado na cabeça. Mas hoje em dia, assim que me sento à mesa e coloco a caneta na mão, ela começa a se mover desajeitadamente e, em vez de escrever frases com pensamentos, esboça palavras de maneira aleatória, como se uma palavra pedisse outra, e quando percebo estou olhando pela janela buscando espaços para pensamentos e ideias.
Se “aquilo” não tivesse acontecido, teríamos nos encontrado, conversado e tido trocas a respeito dos planos futuros das artes cênicas para crianças e jovens aqui em Tóquio sob o nosso tema estratégico “Rumo ao desconhecido”.
Felizmente, conquistamos a tecnologia a tempo, para que pudéssemos nos encontrar on-line e manter conversas frutíferas regional e tematicamente.
Eu diria que as conversas foram frutíferas porque pudemos compartilhar nossas experiências e falar sobre nossas situações atuais, o que foi, para a maioria de nós, um alívio.
Ao mesmo tempo, foram tão controversas, por escutarmos as situações de teatros para crianças e jovens que não podem chegar ao público…
Muito provavelmente (aqui em Tóquio, com certeza!), tem havido muitas conversas on-line entre os profissionais que são frutíferas e controversas, severas e deprimentes, de aprendizado e exaustão.
Ou devo dizer “um pouco sobrecarregadas”?
Acredito que temos enfrentado a situação de todas as maneiras possíveis, sem saber o que virá no futuro, mas fazendo pleno uso da tecnologia, e sim, meu cérebro está cheio de palavras tão dispersas e arranhadas como se fossem as ruínas de pensamentos, buscando a certeza do futuro! Mas o futuro é tão incerto e agora é mais desconhecido que, quando percebo, estou olhando pela janela, procurando oportunidades para ouvir as vozes sem voz de crianças e jovens porque elas são o futuro.
Então, vamos admitir que o futuro é incerto e sempre será. Mas sabemos que estamos aqui disponíveis para ouvir as vozes daqueles que vivem no futuro e, junto com eles, estamos aqui para criar o mundo imaginativo chamado teatro, a fim de construir o futuro por vir, dando passos em direção ao desconhecido.
Estamos todos ansiosos para encontrá-los aqui em Tóquio. Até lá, aguentem aí!
Tradução: Cleiton Echeveste (CBTIJ/ASSITEJ Brasil)